Diógenes e a virtude


Dimas Márcio Oliveira Trindade

Diógenes de Sínope foi um filósofo caracterizado principalmente por sua condição de extrema pobreza. Este vivia em um barril, perambulando pelas ruas de Atenas, ensinando e difundindo sua filosofia, a qual era voltada à prática da virtude e ao desprezo por bens materiais. Diógenes não fora um filósofo qualquer, como esses acadêmicos que escrevem diretamente de suas confortáveis casas ou de seus luxuosos escritórios, com todos os seus diplomas pendurados em suas paredes esteticamente "impecáveis", ao lado de quadros com pinturas modernas, etc. Diógenes habitava um barril, era vizinho dos cães de rua, comia sobras, mas tudo por vontade própria. Há quem diga, e sou um desses, que ele representa a filosofia encarnada, de forma prática, desprezando o vão e vazio espírito excessivamente teórico que, em geral, serve apenas para empregar pessoas que sabem ler ou para entreter um público tolo ou pedante.

Platão reconhece, na República, que a filosofia é a ciência dedicada a nutrir o elemento racional da alma, a fim de elevá-la, através da virtude, à altura dos deuses. A verdade é que a justiça, a temperança, a coragem e a sabedoria não necessitam de honras ou de dinheiro e muito menos interessam a quem quer obter estes dois. Diógenes compreendeu isso perfeitamente e o aplicou majestosamente em seu estilo de vida. O fim, o sentido da existência humana, é a virtude, e tudo o mais surge como distrações que nos desviam de nosso glorioso e eterno destino. As virtudes só podem estar genuinamente presentes na alma que direciona seus olhos aos Céus; enquanto que, para a alma que mira os aplausos, os cargos elevados, as riquezas e os prazeres, elas por si mesmas são desprezíveis e interessa, no máximo, suas aparências. A vida de Diógenes pode ser um exemplo perfeito das palavras de Cristo, mesmo o filósofo tendo falecido 323 anos antes d'Ele nascer: "Onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração."

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