Arrependimento e perdão: dois alicerces da vida


Dimas Márcio Oliveira Trindade

A combinação arrependimento-perdão é cardeal para a vida. Essas duas palavras compreendem a nossa condição humana de fraqueza, de inconstância e queda e nos abrem um horizonte no qual o mal pode ser vencido ou superado. Arrependimento e perdão formam uma unidade. O perdão, tomado sozinho, seria apenas inércia e aceitação do erro e consequentemente do mal. O arrependimento, também tomado sozinho, seria apenas o remorso inútil de um ser errante. Mas por estarem atrelados um ao outro, arrependimento e perdão se tornam o combustível para o tudo que há de melhor no ser humano: o reflexo do Bem Supremo. O arrependimento é a cruz na qual colocamos os nossos numerosos pecados; o perdão é a ressurreição, é o nascimento do Bem no coração humano.

Como já disse certa vez, não consigo imaginar o que seria de mim sem essa combinação. O meu arrependimento e o perdão de Deus e das pessoas que me cercam são os dois alicerces de minha vida debaixo do sol. Esses dois compõem o remédio para os males — crônicos ou não — de minha alma.

Sei que erro bem mais do que imagino, mas Deus e as pessoas que Ele colocou em meu caminho têm a proporção mais exata de meus pecados. Afinal, é contra Deus e meus irmãos que terrivelmente peco. Mas o meu arrependimento e o seu perdão possibilitam que eu seja algo além de um mísero pecador. O arrependimento e o perdão são bálsamos para meu espírito errante, mas compungido.

Foram essas duas palavras que abasteceram o sacrifício de Cristo na cruz. A cruz, lavada com o santo sangue do cordeiro, recebe toda a nossa sujeira espiritual e nos devolve a paz e a esperança em nós mesmos e na Vida. Arrependimento e perdão, portanto, nos impedem de cairmos nos abismos que nós mesmos cavamos. O arrependimento e o perdão cravam uma cruz santificada no coração de cada ser humano, dos réus e das vítimas, santificando, assim, cada um de nós.

Arrependimento e perdão são a sombra divina que nos cobre, nos alivia, nos compreende, nos cura e nos dignifica e prepara para a grandiosidade da existência humana.

Comentários