Reflexões da pandemia — Parte I


Dimas Márcio Oliveira Trindade

Desta vez não há trincheiras, bombas, tanques, nem campos de concentração. Isso pode nos levar a crer que estamos em uma situação mais amena, mas não é verdade. Certa vez Jesus disse que não é o que vem de fora que destrói o homem, e sim aquilo que vem de dentro. E é isso que estamos a assistir: o vírus e a recessão não são mais destrutivos que as ideologias políticas, o fanatismo que as acompanha, a ambição, a sede descontrolada por poder e todas as nossas picuinhas demoníacas. Os bezerros de ouro há muito tempo expandem seu número de fiéis — que se tornam cada vez mais devotos.

Surgem, então, conflitos entre os seguidores de cada bezerro. Infinitas guerras infernais de narrativas, protestos, inúmeros decretos, decisões legislativas e judiciais conflituosas; tudo isso compõe dionisíaca e harmonicamente a sinfonia obra-prima de Lúcifer.


Junto aos conflitos entre os hipnotizados, provavelmente a tecnologia haverá de avançar ainda mais, expandindo o mal e afiando a desordem sobre as almas. As chamadas distopias nunca serão capazes de retratar a miséria, o caos e a destruição que sentiremos na pele — o inferno inaugura o seu anexo na terra. Nossas metrópoles faraônicas abrigarão a multidão de almas diversamente arruinadas.

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