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A bela face de Lúcifer

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Por Dimas Trindade "Conheça a si e ao seu inimigo e, em cem batalhas, não terás medo da derrota." (Sun Tzu) Nossa cultura costuma cometer o grande erro de retratar o diabo sempre como feio e indigesto. O próprio nome dado ao maligno, Lúcifer, traz em seu significado uma origem de luz -- origem essa que é muito bem aproveitada e externada pelo diabo, donde surge todo o seu poder sobre nossas vidas. Isto parece sinistro? Não. É, de fato, sinistro. E muito pior do que podemos imaginar. Fato é que ninguém pratica o Mal por si mesmo. No fundo, ninguém ama o Mal. Todo ser vivo busca um Bem como fim último, como explicam Platão, Aristóteles, Boécio e tantos outros. Quem rouba, o faz pelo Bem oriundo daquilo que roubou. Da mesma forma quem escraviza, quem suborna, quem engana ou até mesmo quem estupra ou mata. Todos os canalhas têm em mente um suposto Bem, pelo qual fundamentam suas ações e consequentemente sua existência.  Dinheiro, prazer, poder, ideologia política, et cétera são o
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Por Dimas Márcio Oliveira Trindade  Sou fraco, corrompido, ingrato, insensível,  traidor, covarde, miserável, indigno e desmerecedor do Teu sacrifício. Um vil vermezinho, diria Tomás de Kempis. Mas, pelo amor do Pai, rogo para que continue tendo misericórdia de mim, Cordeiro Santo de Deus...

A lição d'A República

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Dimas Márcio Oliveira Trindade Creio que a melhor percepção sociológica e política foi impressa por Platão n'A República. Isso se deu pelo contraste harmônico que é feito entre o Estado e a alma. O filósofo analisa cirurgicamente  o corpo social e político e, no fim, leva a análise para o terreno da alma do indivíduo. Aliás, as únicas leis que existiriam em seu Estado Ideal seriam as que preservassem a educação e a cultura — uma sociedade de indivíduos devidamente moldados pela educação e pela cultura não necessitaria tanto de leis, o bom senso haveria de imperar sem grandes problemas. Logo, o cerne de toda a ordem política e social é a ordem espiritual, a ordem que há dentro do indivíduo que compõe a sociedade. As percepções que se limitam a analisar e tratar apenas da ordem exterior se chocam com essa realidade. E isso nos aponta a ruína das ideologias, que através de suas estruturas mentais corruptoras, provocam a intensa desordem na alma de seus adeptos e prometem, a parti

Reflexões da pandemia — Parte I

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Dimas Márcio Oliveira Trindade Desta vez não há trincheiras, bombas, tanques, nem campos de concentração. Isso pode nos levar a crer que estamos em uma situação mais amena, mas não é verdade. Certa vez Jesus disse que não é o que vem de fora que destrói o homem, e sim aquilo que vem de dentro. E é isso que estamos a assistir: o vírus e a recessão não são mais destrutivos que as ideologias políticas, o fanatismo que as acompanha, a ambição, a sede descontrolada por poder e todas as nossas picuinhas demoníacas. Os bezerros de ouro há muito tempo expandem seu número de fiéis — que se tornam cada vez mais devotos. Surgem, então, conflitos entre os seguidores de cada bezerro. Infinitas guerras infernais de narrativas, protestos, inúmeros decretos, decisões legislativas e judiciais conflituosas; tudo isso compõe dionisíaca e harmonicamente a sinfonia obra-prima de Lúcifer. Junto aos conflitos entre os hipnotizados, provavelmente a tecnologia haverá de avançar ainda mais, expandindo

Arrependimento e perdão: dois alicerces da vida

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Dimas Márcio Oliveira Trindade A combinação arrependimento-perdão é cardeal para a vida. Essas duas palavras compreendem a nossa condição humana de fraqueza, de inconstância e queda e nos abrem um horizonte no qual o mal pode ser vencido ou superado. Arrependimento e perdão formam uma unidade. O perdão, tomado sozinho, seria apenas inércia e aceitação do erro e consequentemente do mal. O arrependimento, também tomado sozinho, seria apenas o remorso inútil de um ser errante. Mas por estarem atrelados um ao outro, arrependimento e perdão se tornam o combustível para o tudo que há de melhor no ser humano: o reflexo do Bem Supremo. O arrependimento é a cruz na qual colocamos os nossos numerosos pecados; o perdão é a ressurreição, é o nascimento do Bem no coração humano. Como já disse certa vez, não consigo imaginar o que seria de mim sem essa combinação. O meu arrependimento e o perdão de Deus e das pessoas que me cercam são os dois alicerces de minha vida debaixo do sol. Esses do

Sofrer como Jesus sofreu

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O ato de Imitar Cristo eleva a vida humana em todos os seus aspectos. A vinda de Jesus santificou a condição humana. E creio que o principal exemplo disso foi o sofrimento, condição constante para nós e para o Filho do Homem. Nossas lágrimas foram também choradas por Ele; nosso sangue derramado escorreu também na carne Dele; os espinhos em nossos caminhos foram os mesmos de Sua coroa. Os tapas, os socos, as cusparadas, as xicotadas, as humilhações de que padecemos foram também sofridas por Ele. A cruz antes de Cristo era apenas um instrumento de morte; após o Messias ela se tornou o símbolo da vida. Depois de Cristo, estar na cruz não é mais estar na posição de criminosos condenados, é estar na mesma posição que esteve o Filho de Deus. Esta foi a santificação de nosso sofrimento: ao sofrer, nós não só sofremos; nós sofremos como Jesus sofreu.

O pobre lenho seco

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Dimas Márcio Oliveira Trindade "Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes?", questionava-Se o Filho de Deus do alto de uma cruz, moribundo e desolado. O sofrimento de Cristo nos dá, dentre infinitas coisas, uma imagem de nossas misérias passadas, presentes e futuras. Ele próprio nos alerta, enquanto caminhava para a morte: "Então dirão aos montes: caí sobre nós! E aos outeiros: cobrí-nos. Porque, se fazem isso ao lenho verde, que acontecerá ao seco?" (Lucas 23:31). Se há motivos, portanto, para dizermos: ai Dele! Muito mais há para dizermos: ai de nós! Para nós, as palavras do beato Tomás de Kempis fazem muito sentido: "O viver na terra é verdadeira miséria." E é isso que a humanidade testemunha desde sua origem. Morte, sofrimento, angústia, incerteza, injustiça, tudo isso nos soa familiar ao longo dos séculos. Mesmo que se negue, somos fracos e miseráveis. E, diferentemente de Jesus, os males de que padecemos harmonizam-se com os males que prat

Um intelecto carente de misericórdia

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 Dimas Márcio Oliveira Trindade Escrevi esta confissão há algumas semanas, enquanto me sentia incapaz de escrever — incapaz em dois sentidos, um bom e um aparentemente ruim. Primeiro, porque sei que a pausa que estou dando é perfeitamente necessária e a vida já me provou isso. Segundo, porque não conseguia. Achei interessante quebrar brevemente meu silêncio com este simples e sincero texto de confissão. Sinto-me burro para escrever. Não que não fosse consciente de tal fato antes, mas agora encontro uma dificuldade maior em escrever. Não é mais como há alguns meses, quando escrevi algumas coisas boas e proveitosas — o que fora um milagre, para um ignorante como eu. No entanto, eis o termo chave para isso: milagre; ação ou intervenção divina, que transcende e supera os parâmetros lógicos e temporais. Se fiz algo de bom em minha existência, fora um milagre. Um milagre, motivado da compaixão de um Deus por uma pessoa fraca e incapaz, como quando Cristo fazia um coxo andar ou um cego

Ter Fé em meio à miséria ou à graça

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Dimas Márcio Oliveira Trindade Nossos males psicológicos/psiquiátricos; o cansaço; a doença física; a ansiedade; a depressão; a pobreza; todas as nossas misérias, bem como todas as nossas graças e bens, devem ter sempre uma resposta enérgica de nossa parte: o joelho dobrado constante e intensamente e o coração na mão diante de Deus. Eu não estou dizendo que os seus males serão todos acabados e encerrados. Estou dizendo que, independente do momento, seja ele bom ou ruim, você deve se curvar à Vontade Divina e ter Fé nela. Fé nesse sentido não significa ser "forte", como tanto se diz por aí. Fé significa aceitar a Vontade Divina, porque ela é melhor que a sua vontade. É lembrar-se que você se engana, se cansa, se revolta, se corrompe, mas que Deus é perfeito e portanto a vontade Dele será melhor que a sua. Fé significa entender que a existência é um Todo perfeito, formado de momentos que, se tomados isoladamente, não têm sentido nenhum. Confiemos, seja na nossa tris

Sobre a mentalidade ímpia

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Dimas Márcio Oliveira Trindade O capítulo II do livro da Sabedoria na Bíblia faz uma exposição da chamada "falsa mentalidade ímpia".  Lendo-o, percebe-se que o suposto pensamento ímpio se trata a princípio de um hedonismo extremo que se apoia no niilismo, isto é, na falta de sentido e brevidade da existência. Estando o homem jogado ao acaso de uma existência curta e sem sentido, a única motivação para seus atos passa a ser o sentido corpóreo, a vontade primitiva da carne — uma vez que valores transcendentes ou metafísicos são ignorados ou tidos como inexistentes. Esse pensamento nivela a espécie humana a todas as outras espécies irracionais; deixa de ter diferença entre homens, cães ou vermes. Mas nos parece que mesmo para muitos que têm um pensamento parecido as consequências soam temíveis e até repugnantes: se a libido ordena, o estupro se justifica; se o desejo grita, o roubo é certo; e assim para com todas as barbaridades e vícios. Esse raciocínio pode ser exposto